sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Gaiolas

Hoje paro, penso e simplesmente chego à conclusão que podias ter tido tudo. Não sei se foi burrice, ou pura gana de  viver mas conseguiste quebrar todo o encantamento que alguma vez existira. Tinhas um sorriso contagiante,um olhar que brilhava a cada pestanejar, uma maneira doce de lidar com as pessoas e estas foram apenas algumas características pelas quais me apaixonei.Tínhamos tudo nas nossas mãos e de repente, desvaneceram-se. Não conseguia fingir mais, sentia-me um pássaro numa gaiola, estava a apagar-me, estava a deixar de ser eu. Sentia-me à deriva, sem rumo, sem esperança. O meu corpo tinha-se separado há muito da minha razão, os meus olhos tornaram-se baços e  o sorriso desaparecera.
Estava na hora de reagir, sem piedade, de uma forma egoísta talvez, mas no fundo precisava soltar-me. Estava acorrentada a uma falsa felicidade, precisava encontrar-me. E fui embora...
Hoje, sinto-me bem, feliz até. Desculpo, não perdoo, não esqueço. Se magoei? Sem dúvida. Mas estava no meu limite. Um limite muito maior do aquele que eu própria tinha estipulado. Um limite que ultrapassaste vezes sem conta, sem piedade, sem sequer pedir licença.
Odiei-te. Odiei-te por não conseguir amar, por me meter tornado fria, desconfiada e até mesmo agressiva. Odiei-te por quase me ter perdido no meu próprio caminho, por me ter desligado de mim própria e dos meus. Odiei-te porque destruíste o meu castelo, o meu conto de fadas, o meu final feliz.
Hoje vejo-te com um olhar distante, com as mãos cheias de nada e com vontade de construir castelos. Vejo-te como alguém que esconde o rancor, que tem vontade de gritar mas que simplesmente acorrenta-se a uma falsa felicidade.
Para ti, que ainda és alguém de quem gosto, a única coisa que posso dizer-te é: abre a porta da gaiola e foge =)

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O tempo que não volta

"Estou cansada de sonhar, de desejar, de te querer e não te ter, de nunca saber se pensas ou não em mim, se à noite adormeces com saudades no peito ou te deitas com outras mulheres. Depois de todas as palavras e de todas as esperas, fiquei sem armas e sem forças. Sobra-me apenas a certeza de que nada ficou por fazer ou dizer, que os sonhos nunca se perderam, apenas se gastaram com a erosão do tempo e do silêncio.
Tenho saudades da época em que qualquer tempo era precioso. Fossem 5 minutos ou duas horas, tu davas tudo para usufruíres dele comigo. Saudades de ver o brilho no teu olhar quando olhavas para mim, saudades de me sentir iluminada só com o teu sorriso. Onde estão as borboletas na barriga? Onde está o nervoso miudinho e o coração a pular de ansiedade? Queria que as guerras de almofadas voltassem, queria novamente aquela genuinidade que parecia intocável.
Não quero ter que esperar, ter que compreender, e simplesmente aceitar que posso ficar para depois. Não quero frases feitas, desculpas esfarrapadas ou fazer o papel de bom samaritano encolhendo os ombros. Não posso continuar a passar a mão no teu rosto e dizer-te que vai ficar tudo bem. Quero genuinidade. quero os teus gritos e lágrimas se for preciso, mas não me obrigues a gritar novamente em silêncio.

As saudades valem o que valem e o tempo não volta.